terça-feira, 24 de novembro de 2009

O INICIO DE CARREIRA DE CAMILO DE OLIVEIRA




"A primeira vez que eu entrei em palco, era uma peça dramática tinha os meus nove ou dez anos e foi uma desgraça, fazia um filho de um condenado, que era o meu pai fazia esse papel, e a minha mãe ensinou-me a dizer uma oração em palco, eu chegava ao palco com a minha mãe ele estava precisamente na sala de audiencias onde ia ser julgado então ajoelhava-me e tinha que dizer a oração e havia o ponto que era a minha tia, então ajoelhei-me ao pé do ponto, só tive tempo de dizer duas palvras, tive um desarranjo intestinal tão grande, tão grande...acontece não é? O pior disso é que recebia vinte e cinco tostões, nesse dia não recebi nada e quando cheguei ao camarim do meu pai deu-me dois estalos, mas ei não tive a culpa."

Foi aqui o começo da sua carreira, porem camilo viveu sempre com o pai e com a sua madrasta.

"A minha mãe morreu quando eu era criança. Os meus primeiros passos em teatro, foi a tocar viola e a cantar... cantava umas brincadeiras e as miúdas gostavam de ouvir aquilo, e cantava todas as noites, tive a minha carteira profissional aos 16 anos, mas só comecei a trabalhar a sério com 17 anos, no teatro. A opurtunidade de seguir uma carreira no teatro foi algo que surgiu de uma forma natural, mas felizmente consegui um curriculo extenso, tendo feito 47 revistas e tendo trabalhado 43 anos só no Parque Mayer. Antigamente, costumava fazer teatro e só de vez em quando é que fazia televisão, mas agora actuo normalmente para televisão e só por vezes é que faço teatro. Estreei-me na companhia onde estava o Estevão Amarante, que por sinal morreu no Sá da Bandeira, estava eu a fazer uma peça e vim sustituir um actor que falhou. Depois fui para o Porto como terceiro actor."

A seguir Camilo decide vir para Lisboa, á conquista de uma carreira de sucesso, mas como o próprio me afirmou, não foi nada fácil.

"Depois estive seis meses sem trabalhar fazia uns biscates para sobreviver, depois as coisas mudaram e a primeira revista que fiz, estávamos no ano de 1951, chamava-se "Lisboa é Coisa Boa", No Coliseu dos Recreios, onde eram exibidas as chamadas revistas de Verão. Tive uma aprendizagem, fiz de tudo no teatro, como actor, como homem de montagem até. Tenho muita experiÊncia, e hoje, quando dirijo uma companhia, só não digo, como faço mesmo as coisas. Vim para Lisboa, tive muitas dificuldades, imensas até, isso deu-me uma tarimba, e comecei por fazer coisas muito boas. Era um ilustre desconhecido na altura e isso foi o grande problema de chegar até ao público. Essencialmente fiz muita revista. E finalmente veio a televisão. E com a televisão tornei-me, posso dizer, independente. Praticamente hoje ainda vivo daquilo que fiz na televisão. E foram na verdade os programas de maior audiÊncia, aqueles que o público sempre gostou. A televisão deu-me uma estabilidade grande, pois só assim consegui fazer todo o teatro que quis. Porque foi esse mesmo público que me elegeu, e a esse público sempre dei o melhor de mim."

CONTINUA

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